segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

É CHEGADA A HORA

É chegada a hora dos novos governos nomearem seus novos Secretários e demais membros da equipe que, pelo menos a princípio, nos representarão pelos próximos 4 anos...
Nasci no meio dos bastidores políticos. Tenho sérias dúvidas se isso é uma sorte ou se é um azar... Sorte, porque tive a chance de experimentar a doce sensação de saber que honestidade e política não são, necessariamente, elementos contraditórios. Azar, porque quanto mais estou nos bastidores, mais me fica claro o quanto somos mal representados e o quanto conseguiram a façanha de transformar a honestidade em um valor relativo. Sorte, porque escapei de me juntar ao grupo apático que balbucia aos 4 ventos que "odeia política" sem nem saber o que está dizendo... Azar, porque bate a pergunta se, do jeito que as coisas andam funcionando, esse país ainda tem jeito... Que tudo não passa de um jogo, já me ficou claro há muito tempo...São só as regras que não estão claras, simplesmente pelo fato de que elas mudam conforme a necessidade. E aí, é Secretário sendo indicado pela imprensa e outras "coisitas" mais que fica difícil de engolir... Um governo não deve privar pela transparência? Pela neutralidade? DeveRIA...
Mas o estica e puxa acaba conjugando no passado ou atirando no futuro valores e verbos que deveriam estar para sempre presos ao presente.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

DIAS DE BOTE EM DIVINÓPOLIS!


Shows da Globo à parte, estamos vivos! E bem vivos!... A cidade está inteira, se recobrando do susto. E a água voltou para o lugar onde deve estar: o leito dos rios. Já nas torneiras, ainda convivemos com escassez, obrigando a população a uma greve forçada de banho ou a optar pela compra de caminhões de água potável, vindos de poços artesianos ou de cidades vizinhas (como foi o caso do prédio em que moro). Tristezas à parte pelos que choram as casas inundadas e os bens perdidos, o choque é sempre bom pra trazer às vistas o que sabemos mas, por comodidade, preferimos não levar a sério... Fomos obrigados a viver e a conviver com o que parecia apropriado somente aos cenários de guerra do oriente médio, à pobreza africana ou aos lugares “acostumados” às catástrofes ditas naturais. A rotina quase sempre adormece a memória. Torna preguiçosa a lembrança do que nos é realmente importante. A água é uma dessas coisas. Se ficar sem luz já é um transtorno, sem água é uma verdadeira catástrofe. Mas, mais uma vez, não dá pra culpar a natureza. É o preço que estamos pagando pela burrice nossa de cada dia...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

VAI UM COOKIE AÍ?

Hoje na pós fiz uma descoberta muito importante, umas das mais curiosas desde que começaram as aulas: os mais de R$500,00 de mensalidade não são suficientes para bancar cookies no lanche matutino. Os biscoitinhos fazem parte do cardápio de hierarquias mais elevadas... Por enquanto minha sala vai mesmo ter que se virar com pão seco. E não ouse uma ascensão social, ou você poderá ser acusado de furto, má-fé, atentado à fome alheia, conspiração e infiltração em corredor indevido! E tudo isso dito por uma funcionária altamente equilibrada e polida, que fez questão de fazer a pregação em meio ao corredor, pensando em dar a chance a todos de participar. Quanta gentileza!...

Há muito tempo eu não participava de um sermão semelhante...Vai ver faz parte do currículo das instituições católicas... E pra fechar a cena com chave de ouro, a célebre frase de um amigo em meio ao turbilhão: "quer que eu devolva o biscoito?"

domingo, 7 de dezembro de 2008

ENTRE LENÇOIS

Salve salve queridos leitores! Depois de uma semana sem postar graças ao brilhantismo dos serviços que a NET tem me prestado, estamos de volta...
Hoje, alguns comentários sobre um filme brasileiro que está nos cinemas e que, na minha humilde opinião, transita entre o mediano e o fraco: Entre Lençois.
Beleza dos atores à parte - e que, aliás, contribui para a plasticidade da coisa, mas atrapalha na verossimilhança - o filme deixa a desejar em uma narrativa demasiadamente longa e que, creio eu, só funciona no cinema. Na TV? acho que desistiríamos antes do final. Teatro? talvez, com algumas adaptações. Com um potencial fotográfico sub-explorado, a história se agarra com unhas e dentes ao texto, que cumpre seu papel, mas sem grandes glórias... Talvez o filme consiga algum sucesso de bilheteria, mas isso se deverá às mulheres ensandecidas que, mesmo não sendo frequentadoras de cinema, terão sua curiosidade e hormônios eriçados com a chance de ver o Gianecchini como veio ao mundo!

sábado, 29 de novembro de 2008

CALMA ANDERSON!

E segue a polêmica sobre a nota divulgada por Chris Anderson na revista Wired, em que ele anuncia o fim da ciência. Na opinião dele, as técnicas de organização de dados e o acesso amplo a eles, possibilitados pelo computador, tornam inúteis áreas como a linguística e a sociologia... Muita calma nessa hora!
Concordo que a ciência tende a assumir novos contornos que vão além dos limites das escolas e laboratórios de pesquisa. Mas ela também não se resume ao acesso a um amontoado de dados... Diz respeito também à habilidade de pensar em perguntas, testar hipóteses, e colocar uma descoberta em diálogo com outra... A ciência está se modificando, mas falar em morte parece meio precipitado...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

VALHA-NOS SANTA!...CATARINA

...E mais uma vez a natureza tira o seu sarro e mostra quem é que manda! Mas, agora, o cenário de destruição não está do outro lado do mundo, em ilhas asiáticas ou no oriente médio. A desgraça bateu à nossa porta, invadindo o país abençoado, satisfeito por não ter terremotos nem furações. Lama, água por todo lado, casas destruídas, mortos, histórias submersas, famílias desfeitas, vidas perdidas. Acima de qualquer perda material, uma tragédia humana das piores que já pudemos presenciar no país. Em alguns países o vento, em outros o tremor de terra. No Brasil, veio água. Água que, ironicamente, assim como um espelho, pode refletir. E, nesse momento, ao olharmos nela, vemos a imagem de nós mesmos e das populações de todo o mundo: há muito tempo não estamos mais falando de fenômenos "naturais". Eles são, acima de tudo, humanos, e mostram como o tipo de vida que estamos levando pode se virar contra nós mesmos. E mais cedo do que poderíamos prever!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

WEB SEMÂNTICA: AQUI VAMOS NÓS!!!


Trocando referências com uma amiga (que, aliás, escreve o Mediatizando-nos) e eis que chego a uma notícia sobre a criação da ferramenta Visualization Lab, com foco na organização da informação. A idéia é trazer à superfície as conexões que compõem um determinado tema, criando uma hierarquia semântica que ajuda o leitor a tecer relações e a compreender. Ao contextualizar o assunto, o leitor é estimulado a aprofundar a navegação e a conceber a informação como processo e não como um conjunto de partes isoladas e recortadas. A título de exemplo, a imagem mostra um mapa construído pela IBM a partir do discurso de Obama após a vitória nas eleições norte-americanas.
Se iremos optar por utilizar as rede sempre dessa maneira? Acho que não. Mas, ao mesmo tempo, penso em uma contribuição valiosa desse tipo de ferramenta como um auxílio no processo de letramento digital e mesmo na utilização da Internet no processo de ensino. Se, no geral, não temos bons leitores no país e os índices de analfabetismo funcional são tão altos, certamente isso tem a ver com uma visão reducionista que enxerga a leitura mais como uma decodificação de sinais e menos como uma capacidade de tecer relações. E nesse ponto, projetos como o Visualization Lab podem ajudar.

domingo, 23 de novembro de 2008

QUEREMOS CÓPIAS DO MUNDO CONCRETO?

No livro Cultura da Interface, Steve Johnson tece uma discussão sobre o papel mediador que a interface estabelece com o “usuário” - “interator” para alguns autores-, interferindo diretamente na relação entre ele e a máquina. Johnson defende que as interfaces são metafóricas e que, portanto, é um equívoco tentar fazer com que as diferenças entre o objeto real e o evocado pela metáfora do computador desapareçam. Me lembrei desse autor após ler a notícia de que o Lively sairá do ar... Durante a graduação um professor já nos pedia que tratássemos o Second Life com cautela porque, para ele, a febre iria passar muito em breve. Parece que ele estava certo e que, espertamente, o Google resolveu cair fora antes que o barco afunde!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

UM POUQUINHO DE VÁRIAS COISAS

DEMOREI MAIS CHEGUEI!
Em primeiro lugar, uma desculpa aos leitores pela demora nas postagens. A semana foi um pouco corrida demais!
ROMANCE
Esse filme está no cinema e vale a pena! Roteiro muito bem amarrado e interpretações emocionantes dos atores Wagner Moura e Letícia Sabatella.
SEM LUZ?!
Ontem, depois de mais um temporal que caiu em BH, ficamos sem luz durante mais de 6 horas na PUC Coração Eucarístico e imediações. Frustrações à parte, foi útil pra retomar algumas questões que, inclusive, também discutimos na pós essa semana. Embora na maioria das vezes passe batido, as tecnologias atuam, hoje, como extensões de nós mesmos. Elas estão tão intrínsecas a tudo o que fazemos, que somos acompanhados da falsa impressão de que sempre existiram. A falta de energia elétrica instaura uma espécie de solidão e nos sentimos órfãos atordoados, carentes de quase tudo o que nos leva ao mundo: TV, computador, DVD, aparelho de som...até o bom e velho livro ficou difícil de ler ontem...Tenho uma certa preguiça desse papo de "esvaziamento do sujeito" porque, pra mim, o "estar" no mundo já implica em algum tipo de reação e na não existência de uma total resignação e passividade. Mas se a falta de luz ajuda a pararmos pra pensar um pouquinho em nós mesmos, então que sejamos agraciados com ela de vez em quando! :-)
VEM "NIM" MIM PORTABILIDADE!!!
Hoje à tarde fui submetida a um teste cardíaco: precisei falar com o telemarketing da VIVO, tentando, pela 5° vez, resolver um problema que ELES criaram: minha conta veio astronômica graças a várias ligações pra números que não existem! Puts! Primeiro, logo de cara, fui informada ao som da clássica musiquinha horrenda de que a VIVO pretendia me atender em 3 minutos. PretendIA!!!! Porque eu fiquei pelo menos o dobro esperando pra falar com a atendente. Depois, a bonitona me deixou no prego mais uns 3 minutos pra me informar a única coisa que eu já sabia quando fiz a ligação: o problema ainda não havia sido resolvido. É duro ter que passar por isso mas, mais difícil ainda, é saber que as operadoras de telefonia têm plena consciência do lixo de atendimento que oferecem. Mas como todos são péssimos e como a lei de que “o cliente é prioridade” é menos uma prática e mais um frase de efeito pra adoçar os ouvidos do próprio cliente; as operadoras não vão gastar um mísero centavo com isso. Ou não iam!!! A portabilidade está prestes a chegar como uma importante aliada de nós, consumidores. E aí, oferecer um serviço decente vai ser uma questão de sobrevivência!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

RETALHO-MUSIC

Caso passe desapercebido pelos passeios de vocês pela web, eis um projeto que vale conferir: Marcelo Camelo fazendo música através de colagens de vídeos disponibilizados no YouTube!

http://www.youtube.com/watch?v=JhkXayKrJsQ

Achei interessante a proposta porque, de certa maneira, é uma síntese da potencialidade da internet: possibilitar que a gente tenha acesso a inúmeras referências e fontes e, a partir delas, fazer as nossas próprias leituras, releituras, apropriações, inferências.

FURACÕES HUMANOS

Não sei se é só uma impressão, mas a violência parece estar assumindo formas cada vez mais torpes e esdrúxulas. Sempre achei difícil encontrar contexto pra atos violentos e, dessa forma, algum tipo de razão que os justifique. Mas hoje, essa parece ser uma tarefa impossível. Crianças jogadas pela janela, menino arrastado até a morte, mulher que mata amiga pra ficar com a filha dela, professores sendo espancados e escolas sendo destruídas, criança de dois anos levando tiro e assistindo ao assassinato da mãe, estupro seguido de esquartejamento, namoros terminando junto com a vida de uma das partes. O que é isso??? Sempre fomos assim??? Nunca fui adepta de maniqueísmos e rótulos preocupados em dividir o mundo entre mocinhos e vilões. Mas quando a vida se torna banal a esse ponto e, mais que isso, quando passamos a nos acostumar e a quase esperar que o noticiário venha sangrento todas as noites; precisamos parar pra pensar. É como se cada um se sentisse no direito de se vingar quando sai alguma coisa fora do que queríamos e planejávamos. Parecemos estar desaprendendo a viver em sociedade. Mas é ridículo deixarmos que o foco cego no nosso próprio umbigo engula o mundo ao redor. E PESSOAS ao redor...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O CONTROLE QUE QUEREMOS TER

Pluripresença, ausência de fronteiras, transposição de barreiras temporais... Engraçado como a internet traz a sensação de que, nesse espaço, podemos experimentar a liberdade, pelo menos em alguma de suas facetas. Apesar das questões relativas à falta de letramento e à exclusão digital - que fazem com que a dita democracia trazida pela internet tenha que ser de alguma forma relativizada - estar na rede é experimentar a dúbia sensação de estar em todo lugar e em lugar nenhum, de ser local e global, de conhecer pessoas que a gente nunca viu pessoalmente, de ver e não ser visto...NÃO SER VISTO???...Ver e ser visto. Ver e ser mapeado o tempo todo. Ver e não só se deixar mapear, mas construir mapas para que os outros nos achem. Twitter, e-mail, blogs, Facebook, Orkut...! Me parece que estamos tecendo um território intrincado, denso, de teias firmes e precisas, embora muita gente ache que as questões espaciais não pertençam à rede... Só não me perguntem o que é público e o que é privado nessa história...Aos meus olhos essa lógica se desmonta a todo momento. E isso me incomoda!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

BOLA MURCHA!!!

No meu zapping noturno de cada dia, me deparei ontem com uma cena no mínimo estranha, embora eu ainda esteja bem em dúvida de como classificá-la, transitando entre adjetivos como tosco, hilário, penoso etc. Vamos aos fatos: Rebeca Gusmão, envolvida em caso de dopping e afastada da natação, resolveu jogar futebol! Fiquei perdida porque, pelo que me consta, a criatura foi banida por atitude anti-esportiva e anti-olímpica, e não anti-natação, o que já impediria sua entrada em campo!!!!! Pra mim, se tratava de uma questão ética, mas parece que não é assim que a coisa funciona. Ela não só mudou de esporte, como se auto denomina a "imperatriz" dos gramados. O pior, é que a matéria cheirava à imprensa sem o que fazer (o homem já tinha sido resgatado da cisterna!!!!), porque, além da mulher estar 14 quilos mais gorda e custar a correr atrás da bola, ela vestia uma roupa branca, nada a ver com a do time em campo. Se a intenção era nos ajudar a identificá-la, nem precisava: ela era a única que não conseguia acertar a bola! :D

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O BRASIL QUE NÃO SABE LER


Números frios criam a falsa impressão de que o problema educacional no Brasil caminha para ser resolvido. Mas um olhar um pouco mais demorado sobre esses dados é suficiente para concluirmos que ainda há uma longa distância a ser percorrida. O peso da constatação de que dos 27 milhões de estudantes brasileiros, 60% chegam a 8° série analfabetos funcionais (dados divulgados pelo Jornal Hoje), deixa bem claro que a simples presença em sala de aula não garante o aprendizado. Ao pensar no que nos leva a aprender, caio invariavelmente na chance de vislumbrarmos e construirmos algum tipo de sentido ao que nos é apresentado. Não consigo enxergar aprendizado sem motivação. Não consigo enxergar aprendizado sem pró-atividade, ou seja, sem o aluno participando ativamente como agente desse processo. Será que isso existe em nossas escolas? Resisto em acreditar na solução apresentada pela reportagem do Jornal Hoje, motivadora deste post. Aulas de reforço podem resolver problemas bem tópicos, como ajudar o aluno no processo operacional de decodificação. Mas, mais que juntar letras e verbalizar o resultado, penso que os estudantes precisam de autonomia para aprenderem a construir suas próprias relações. Ler, compreender, relacionar, produzir. E aí, não é um problema só de alunos, só de professores, do governo ou que diz respeito à estrutura das escolas. É um problema que implica na desconstrução ou reestruturação do nosso modelo escolar. Até hoje ele parece trabalhar rumo à padronização de expectativas e ao não estímulo das diferenças e divergências no ambiente de ensino. Ao aluno quase não sobra espaço para ser sujeito. Parece injusto, então, exigir que ele de fato aprenda.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MÍDIAS DIGITAIS PARA ENSINAR A SOMAR


Ontem à noite fui a uma palestra do pesquisador André Lemos, da UFBA, que, se não uma das maiores, é uma grande autoridade brasileira em hipermídia e processos desencadeados pelas novas tecnologias. Fiquei satisfeita por ele ter reiterado uma questão sobre a qual tenho pensado freqüentemente. Cada vez que surge uma nova mídia ou um novo dispositivo tecnológico, aparece também uma previsão “nostradâmica” de que estamos prestes a viver uma revolução que, no mínimo, culminará na substituição de uma tecnologia por outra. Muito raramente conseguimos um equilíbrio entre as visões tecnofílicas e tecnofóbicas, quando na verdade, venho pensando que parece mais prudente e inteligente tentarmos trilhar o caminho do meio.
A internet e as demais tecnologias digitais não vêm para substituir ou dizimar a importância da TV, do rádio, do cinema etc. E, muito menos, para fazer com que as relações no ciberespaço sejam substitutas das relações e vivências presenciais. Como diz o Weissberg , parece mais justo pararmos de forçar oposições entre “presença e ausência“, entre “real e virtual“, entre “perto e longe“; porque são noções complementares e não excludentes.
Se “espacializar” significa, como o André disse ontem, atribuir sentido a - e aí temos que adotar uma visão bem maior do que a referente a localidades físicas -, sou obrigada a pensar que somos, naturalmente, criaturas espacializantes, pois é isso o que nos situa perante o mundo e perante nós mesmos. A internet e as demais mídias digitais estão bem longe de configurarem uma revolução refletora da salvação ou do veneno para a humanidade. A questão é menos a técnica e mais as apropriações que fazemos dela. Por isso, prefiro pensar essas mídias mais como potência e oportunidade latentes para que possamos ampliar nossa visão sobre velhas questões e sobre o nosso “estar” social e político. De que adianta negar o que existe e bate à nossa porta? Acho melhor optarmos por fazer a soma do que insistirmos em uma subtração que nem sequer existe!

MATO, LOGO EXISTO



Diante da mais nova novela a que temos assistido - sem muita opção - nas últimas duas semanas, minhas dúvidas quanto ao "caso Eloá" definitivamente não são, nem de perto, as que vêm sendo levantadas pela mídia. Por que a refém voltou ao cativeiro? Por que ela quis. Por que a polícia invadiu? Por que ela achou que devia - e como leigos que somos, parece descabido achar que é a sociedade civil quem deve arbitrar se isso está ou não correto. Por que todo dia surgem novas questões sobre o caso? Porque embora se finja convalecida e ofereça âncoras com caras de choro ao lerem o TP trágico, a mídia adora que uma criancinha voe pela janela de vez em quando e que seqüestros passionais durem o maior tempo possível. Afinal, minha gente, o show tem que continuar!
O que eu fico pensando é nos efeitos que esse tipo de cobertura obstinada provocam. No segundo dia de seqüestro, Lindemberg deixou de ser o rei do gueto, como ele se auto-denominou, para se tornar o rei da mídia. E, a segunda possibilidade, parece muitíssimo mais tentadora, principalmente em se tratando de gente que gostamos de considerar invisíveis na maior parte do tempo.
Quando a luz foi devolvida ao apartamento de Eloá, devolveram a Lindemberg o sinal de TV e a chance dele carimbar seu documento de identidade. Ele passou a ter nome, endereço e, mais que isso, a supostamente controlar o estado emocional de um país e, principalmente, a ter polícia sob as mãos.
O mesmo ocorreu no seqüestro do ônibus 174. A polícia - que mata aos montes todo dia - jamais alvejaria um criminoso com uma arma de precisão, se isso implica em um cérebro estourando em rede nacional. Pela força das imagens? Não sei. Talvez porque somos mais moralistas do que de moral.
Então, pra mim, o grande mico da novela Eloá é a cobertura da imprensa. Tenho sérias dúvidas se teríamos assistido 5 dias de palhaçada se as câmeras estivesses desligadas - ou ao menos transmitindo de modo menos deliberado - fazendo o medidor de ibope de Lindemberg manter índices menos estimulantes. E, com certeza, também não estaríamos tendo que aguentar uma sequência de plágios do caso: só na última semana são mais de cinco!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

FLY A BALLOON?

Quase vinte anos depois e o que parecia improvável acontece: estamos prestes a cair na mesma esparrela. Vai Collor, vem Quintão! E por mais que eu tente me livrar dessa analogia, ela insiste em pular no meu colo.
Caminhando pelo centro da cidade hoje, uma overdose de campanha em bandeiras, folhetos, balões e carros de som; compondo um cenário de poluição visual extrema , tenta dar conta dos últimos momentos do segundo turno. Tanto volume só não condiz com a falta de entusiasmos dos “porta-bandeiras”, que mais parecem tocos inertes pregados no chão, contando as horas para a recompensa de meros trocados. Já foi o tempo de militância. Até o voto que parecia resistir como o mais ideológico (se é que isso ainda existe) veio pra mostrar que a política se tornou mesmo mais uma pecinha da sociedade do espetáculo... Morais fazendo campanha pro Quintão! É duro de engolir...
Mas não é só isso que tem soado como pedra pro eleitor digerir, e nessa “dança do crioulo doido” não tem como não se perguntar: se o cara já faz picaretagem na eleição, imagina depois que for eleito?
Até planos de governo colados da Wikipédia tivemos nessa eleição. É mole? No início eu pensei: “que cara de pau!” Mas se o termo Wiki quer mesmo dizer “what I know is...”, nada mais justo que um candidato que não sabe nada sobre nada precise mesmo dar uma espiada nas idéias alheias. Afinal de contas o que o Quintão realmente acha, é que dá pra fazer. E no meio de tanto achismo, ele precisa é começar a procurar, pra ver se encontra um jeito de dar respostas mais coerentes e menos infantis.
Entre tanta lama e bobagem, uma das poucas coisas em que o Quintão acertou nos últimos tempos foi na escolha do símbolo da campanha, praticamente um pleonasmo do próprio candidato. Nada mais correta que a escolha de um balão: a gente estoura e o que acha dentro? NADA. É exatamente isso! O que o candidato tem a dizer sobre o que ele acha que dá pra fazer? NADA. Como ele explica o que ele acha que dá pra fazer? NÃO EXPLICA. Nem o sotaque de araque que ele leva pra televisão e esquece em casa na hora de debater com as camadas mais esclarecidas da população, ele está sabendo explicar a essas alturas. Mesmo porque, explicação definitivamente não é a tônica dessa campanha.
Não sou partidária do Márcio, ele não é de longe o candidato ideal, e nem votar aqui em BH eu voto, embora como moradora da cidade também me sinta um pouquinho responsável por ela. Mas, sinceramente, eu espero que dê tempo do balão do Quintão estourar até domingo, dia 26 de outubro. Antes ficar no mesmo lugar do que passar 4 anos com a tecla “rew” ligada e emperrada. Porque se isso acontecer, vai ser duro reencontrar o play!