segunda-feira, 31 de maio de 2010

SERÁ MESMO QUE ESCOLHEMOS ONDE QUEREMOS ESTAR NA INTERNET?

Quase 500 milhões de usuários ativos e uma polêmica: a política de privacidade do Facebook é falha? Hoje, saída de Toronto, no Canadá, entrou no ar a campanha "Quit Facebook", em protesto ao modo com que o site lida com as informações pessoais dos usuários. Com a aderência de pouco mais de 32 mil pessoas, o movimento parece não ter tido a repercussão esperada, pelo menos por enquanto. Sob os rumores da insatisfação pelo fato de informações de caráter pessoal estarem sendo compartilhadas na internet, o CEO do Facebook, Mark Zuckerber, anunciou a revisão das ferramentas de privacidade.
Em um vídeo publicado pela Euronews (que você pode ver aqui), Joesph Dee, um dos fundadores do movimento, fala do direito de escolha das pessoas de onde querem ou não estar na internet. OK. Temos esse direito. Mas, será ele uma possibilidade real? Será mesmo que, no Facebook ou não, temos podido exercer essa nossa liberdade de escolha? O que é preencher um cadastro na internet? O que são as informações disponíveis na nuvem? E quanto você abre seu gmail e existem inúmeras publicidades no lado direito do seu monitor que te parecem demasiadamente oportunas e perfeitamente casadas com as suas necessidades do momento? Isso não seria também uma mega invasão de privacidade?

Para alguns autores de gestão e marketing, como Seth Godin, a internet deveria ser usada em um caminho inverso, como um espaço para se fazer marketing direto, desenvolvido a partir de base de dados opt-in. No entanto, o que temos visto e vivido?
Não acredito, particularmente, em bases opt-in construídas a partir de afirmações escritas em letras microscópicas, perdidas em meio aos contratos de utilização do que está na internet. Opt-in implica, portanto, o direito de fazer uma escolha a partir de informações que te dêem alguma condição de optar. Transparência e clareza são, a meu ver, a melhor estratégia. É mais inteligente por dois motivos: 1- o consumidor não fica puto; 2- é possível trazer as pessoas que estão realmente interessadas em ouvir o que você tem a dizer.

Claro que em um caso como o Facebook estamos falando de uma escala muito maior, da ordem de centenas de milhões de pessoas. Tudo bem. Ainda assim, acho que vale ser claro e direto.
E, se esse protesto vai vingar, eu não sei... Só acho que a discussão sobre a privacidade na internet tem mesmo que entrar em pauta e que o buraco é um pouco mais fundo do que possa sugerir o "Quit Facebook Day".

A seguir, vídeo em que se discute a política de privacidade do Face: