terça-feira, 28 de outubro de 2008

O BRASIL QUE NÃO SABE LER


Números frios criam a falsa impressão de que o problema educacional no Brasil caminha para ser resolvido. Mas um olhar um pouco mais demorado sobre esses dados é suficiente para concluirmos que ainda há uma longa distância a ser percorrida. O peso da constatação de que dos 27 milhões de estudantes brasileiros, 60% chegam a 8° série analfabetos funcionais (dados divulgados pelo Jornal Hoje), deixa bem claro que a simples presença em sala de aula não garante o aprendizado. Ao pensar no que nos leva a aprender, caio invariavelmente na chance de vislumbrarmos e construirmos algum tipo de sentido ao que nos é apresentado. Não consigo enxergar aprendizado sem motivação. Não consigo enxergar aprendizado sem pró-atividade, ou seja, sem o aluno participando ativamente como agente desse processo. Será que isso existe em nossas escolas? Resisto em acreditar na solução apresentada pela reportagem do Jornal Hoje, motivadora deste post. Aulas de reforço podem resolver problemas bem tópicos, como ajudar o aluno no processo operacional de decodificação. Mas, mais que juntar letras e verbalizar o resultado, penso que os estudantes precisam de autonomia para aprenderem a construir suas próprias relações. Ler, compreender, relacionar, produzir. E aí, não é um problema só de alunos, só de professores, do governo ou que diz respeito à estrutura das escolas. É um problema que implica na desconstrução ou reestruturação do nosso modelo escolar. Até hoje ele parece trabalhar rumo à padronização de expectativas e ao não estímulo das diferenças e divergências no ambiente de ensino. Ao aluno quase não sobra espaço para ser sujeito. Parece injusto, então, exigir que ele de fato aprenda.

Um comentário:

Gabriela Jardim disse...

gifono e gilono? acho que tem um tanto a ver isso!! E concordo, tem que acontecer a reestruturação do nosso sistema educacional. Quando não existia o ensino plural, já era difícil o sistema educacional, imagina agora com essa invenção lulista?
há muito o que se discutir e mais ainda para se colocar em prática!