sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MATO, LOGO EXISTO



Diante da mais nova novela a que temos assistido - sem muita opção - nas últimas duas semanas, minhas dúvidas quanto ao "caso Eloá" definitivamente não são, nem de perto, as que vêm sendo levantadas pela mídia. Por que a refém voltou ao cativeiro? Por que ela quis. Por que a polícia invadiu? Por que ela achou que devia - e como leigos que somos, parece descabido achar que é a sociedade civil quem deve arbitrar se isso está ou não correto. Por que todo dia surgem novas questões sobre o caso? Porque embora se finja convalecida e ofereça âncoras com caras de choro ao lerem o TP trágico, a mídia adora que uma criancinha voe pela janela de vez em quando e que seqüestros passionais durem o maior tempo possível. Afinal, minha gente, o show tem que continuar!
O que eu fico pensando é nos efeitos que esse tipo de cobertura obstinada provocam. No segundo dia de seqüestro, Lindemberg deixou de ser o rei do gueto, como ele se auto-denominou, para se tornar o rei da mídia. E, a segunda possibilidade, parece muitíssimo mais tentadora, principalmente em se tratando de gente que gostamos de considerar invisíveis na maior parte do tempo.
Quando a luz foi devolvida ao apartamento de Eloá, devolveram a Lindemberg o sinal de TV e a chance dele carimbar seu documento de identidade. Ele passou a ter nome, endereço e, mais que isso, a supostamente controlar o estado emocional de um país e, principalmente, a ter polícia sob as mãos.
O mesmo ocorreu no seqüestro do ônibus 174. A polícia - que mata aos montes todo dia - jamais alvejaria um criminoso com uma arma de precisão, se isso implica em um cérebro estourando em rede nacional. Pela força das imagens? Não sei. Talvez porque somos mais moralistas do que de moral.
Então, pra mim, o grande mico da novela Eloá é a cobertura da imprensa. Tenho sérias dúvidas se teríamos assistido 5 dias de palhaçada se as câmeras estivesses desligadas - ou ao menos transmitindo de modo menos deliberado - fazendo o medidor de ibope de Lindemberg manter índices menos estimulantes. E, com certeza, também não estaríamos tendo que aguentar uma sequência de plágios do caso: só na última semana são mais de cinco!

3 comentários:

Aluisio Gonzaga disse...

Certamente a imprensa tem culpa, não só no caso do seqüestro, mas em outras situações que já vivenciamos no Brasil.

Implantação de um conselho de jornalistas já! Temos que regulamentar a abordagem da imprensa em assuntos criminais!

Gabriela Jardim disse...

Acho fundamental regulamentar a impressa. Não sei se viram no fantástico ontem, mas tem uma cadeia exclusiva para os casos de "escândalos de repercussão nacional ou acusados de crimes que mexeram com a opinião pública", como diz a própria matéria do Fantástico.

Isso é cúmulo! Detentos com privilégios só porque chamaram a atenção da mídia? Deviam ir para celas com 200 presos para aprenderem o valor da vida! Fico indignada com isso.

Segue o link da matéria para vocês verem: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL837748-15605,00-LINDEMBERG+E+NARDONI+ESTAO+NO+MESMO+PRESIDIO.html

Unknown disse...

Olha...vc se supera a cada coisa q leio...fala serio!!rsrs
Esse ficou sem retoques!
CNN te aguarda!hehehe
Bjos