quarta-feira, 29 de outubro de 2008

BOLA MURCHA!!!

No meu zapping noturno de cada dia, me deparei ontem com uma cena no mínimo estranha, embora eu ainda esteja bem em dúvida de como classificá-la, transitando entre adjetivos como tosco, hilário, penoso etc. Vamos aos fatos: Rebeca Gusmão, envolvida em caso de dopping e afastada da natação, resolveu jogar futebol! Fiquei perdida porque, pelo que me consta, a criatura foi banida por atitude anti-esportiva e anti-olímpica, e não anti-natação, o que já impediria sua entrada em campo!!!!! Pra mim, se tratava de uma questão ética, mas parece que não é assim que a coisa funciona. Ela não só mudou de esporte, como se auto denomina a "imperatriz" dos gramados. O pior, é que a matéria cheirava à imprensa sem o que fazer (o homem já tinha sido resgatado da cisterna!!!!), porque, além da mulher estar 14 quilos mais gorda e custar a correr atrás da bola, ela vestia uma roupa branca, nada a ver com a do time em campo. Se a intenção era nos ajudar a identificá-la, nem precisava: ela era a única que não conseguia acertar a bola! :D

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O BRASIL QUE NÃO SABE LER


Números frios criam a falsa impressão de que o problema educacional no Brasil caminha para ser resolvido. Mas um olhar um pouco mais demorado sobre esses dados é suficiente para concluirmos que ainda há uma longa distância a ser percorrida. O peso da constatação de que dos 27 milhões de estudantes brasileiros, 60% chegam a 8° série analfabetos funcionais (dados divulgados pelo Jornal Hoje), deixa bem claro que a simples presença em sala de aula não garante o aprendizado. Ao pensar no que nos leva a aprender, caio invariavelmente na chance de vislumbrarmos e construirmos algum tipo de sentido ao que nos é apresentado. Não consigo enxergar aprendizado sem motivação. Não consigo enxergar aprendizado sem pró-atividade, ou seja, sem o aluno participando ativamente como agente desse processo. Será que isso existe em nossas escolas? Resisto em acreditar na solução apresentada pela reportagem do Jornal Hoje, motivadora deste post. Aulas de reforço podem resolver problemas bem tópicos, como ajudar o aluno no processo operacional de decodificação. Mas, mais que juntar letras e verbalizar o resultado, penso que os estudantes precisam de autonomia para aprenderem a construir suas próprias relações. Ler, compreender, relacionar, produzir. E aí, não é um problema só de alunos, só de professores, do governo ou que diz respeito à estrutura das escolas. É um problema que implica na desconstrução ou reestruturação do nosso modelo escolar. Até hoje ele parece trabalhar rumo à padronização de expectativas e ao não estímulo das diferenças e divergências no ambiente de ensino. Ao aluno quase não sobra espaço para ser sujeito. Parece injusto, então, exigir que ele de fato aprenda.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MÍDIAS DIGITAIS PARA ENSINAR A SOMAR


Ontem à noite fui a uma palestra do pesquisador André Lemos, da UFBA, que, se não uma das maiores, é uma grande autoridade brasileira em hipermídia e processos desencadeados pelas novas tecnologias. Fiquei satisfeita por ele ter reiterado uma questão sobre a qual tenho pensado freqüentemente. Cada vez que surge uma nova mídia ou um novo dispositivo tecnológico, aparece também uma previsão “nostradâmica” de que estamos prestes a viver uma revolução que, no mínimo, culminará na substituição de uma tecnologia por outra. Muito raramente conseguimos um equilíbrio entre as visões tecnofílicas e tecnofóbicas, quando na verdade, venho pensando que parece mais prudente e inteligente tentarmos trilhar o caminho do meio.
A internet e as demais tecnologias digitais não vêm para substituir ou dizimar a importância da TV, do rádio, do cinema etc. E, muito menos, para fazer com que as relações no ciberespaço sejam substitutas das relações e vivências presenciais. Como diz o Weissberg , parece mais justo pararmos de forçar oposições entre “presença e ausência“, entre “real e virtual“, entre “perto e longe“; porque são noções complementares e não excludentes.
Se “espacializar” significa, como o André disse ontem, atribuir sentido a - e aí temos que adotar uma visão bem maior do que a referente a localidades físicas -, sou obrigada a pensar que somos, naturalmente, criaturas espacializantes, pois é isso o que nos situa perante o mundo e perante nós mesmos. A internet e as demais mídias digitais estão bem longe de configurarem uma revolução refletora da salvação ou do veneno para a humanidade. A questão é menos a técnica e mais as apropriações que fazemos dela. Por isso, prefiro pensar essas mídias mais como potência e oportunidade latentes para que possamos ampliar nossa visão sobre velhas questões e sobre o nosso “estar” social e político. De que adianta negar o que existe e bate à nossa porta? Acho melhor optarmos por fazer a soma do que insistirmos em uma subtração que nem sequer existe!

MATO, LOGO EXISTO



Diante da mais nova novela a que temos assistido - sem muita opção - nas últimas duas semanas, minhas dúvidas quanto ao "caso Eloá" definitivamente não são, nem de perto, as que vêm sendo levantadas pela mídia. Por que a refém voltou ao cativeiro? Por que ela quis. Por que a polícia invadiu? Por que ela achou que devia - e como leigos que somos, parece descabido achar que é a sociedade civil quem deve arbitrar se isso está ou não correto. Por que todo dia surgem novas questões sobre o caso? Porque embora se finja convalecida e ofereça âncoras com caras de choro ao lerem o TP trágico, a mídia adora que uma criancinha voe pela janela de vez em quando e que seqüestros passionais durem o maior tempo possível. Afinal, minha gente, o show tem que continuar!
O que eu fico pensando é nos efeitos que esse tipo de cobertura obstinada provocam. No segundo dia de seqüestro, Lindemberg deixou de ser o rei do gueto, como ele se auto-denominou, para se tornar o rei da mídia. E, a segunda possibilidade, parece muitíssimo mais tentadora, principalmente em se tratando de gente que gostamos de considerar invisíveis na maior parte do tempo.
Quando a luz foi devolvida ao apartamento de Eloá, devolveram a Lindemberg o sinal de TV e a chance dele carimbar seu documento de identidade. Ele passou a ter nome, endereço e, mais que isso, a supostamente controlar o estado emocional de um país e, principalmente, a ter polícia sob as mãos.
O mesmo ocorreu no seqüestro do ônibus 174. A polícia - que mata aos montes todo dia - jamais alvejaria um criminoso com uma arma de precisão, se isso implica em um cérebro estourando em rede nacional. Pela força das imagens? Não sei. Talvez porque somos mais moralistas do que de moral.
Então, pra mim, o grande mico da novela Eloá é a cobertura da imprensa. Tenho sérias dúvidas se teríamos assistido 5 dias de palhaçada se as câmeras estivesses desligadas - ou ao menos transmitindo de modo menos deliberado - fazendo o medidor de ibope de Lindemberg manter índices menos estimulantes. E, com certeza, também não estaríamos tendo que aguentar uma sequência de plágios do caso: só na última semana são mais de cinco!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

FLY A BALLOON?

Quase vinte anos depois e o que parecia improvável acontece: estamos prestes a cair na mesma esparrela. Vai Collor, vem Quintão! E por mais que eu tente me livrar dessa analogia, ela insiste em pular no meu colo.
Caminhando pelo centro da cidade hoje, uma overdose de campanha em bandeiras, folhetos, balões e carros de som; compondo um cenário de poluição visual extrema , tenta dar conta dos últimos momentos do segundo turno. Tanto volume só não condiz com a falta de entusiasmos dos “porta-bandeiras”, que mais parecem tocos inertes pregados no chão, contando as horas para a recompensa de meros trocados. Já foi o tempo de militância. Até o voto que parecia resistir como o mais ideológico (se é que isso ainda existe) veio pra mostrar que a política se tornou mesmo mais uma pecinha da sociedade do espetáculo... Morais fazendo campanha pro Quintão! É duro de engolir...
Mas não é só isso que tem soado como pedra pro eleitor digerir, e nessa “dança do crioulo doido” não tem como não se perguntar: se o cara já faz picaretagem na eleição, imagina depois que for eleito?
Até planos de governo colados da Wikipédia tivemos nessa eleição. É mole? No início eu pensei: “que cara de pau!” Mas se o termo Wiki quer mesmo dizer “what I know is...”, nada mais justo que um candidato que não sabe nada sobre nada precise mesmo dar uma espiada nas idéias alheias. Afinal de contas o que o Quintão realmente acha, é que dá pra fazer. E no meio de tanto achismo, ele precisa é começar a procurar, pra ver se encontra um jeito de dar respostas mais coerentes e menos infantis.
Entre tanta lama e bobagem, uma das poucas coisas em que o Quintão acertou nos últimos tempos foi na escolha do símbolo da campanha, praticamente um pleonasmo do próprio candidato. Nada mais correta que a escolha de um balão: a gente estoura e o que acha dentro? NADA. É exatamente isso! O que o candidato tem a dizer sobre o que ele acha que dá pra fazer? NADA. Como ele explica o que ele acha que dá pra fazer? NÃO EXPLICA. Nem o sotaque de araque que ele leva pra televisão e esquece em casa na hora de debater com as camadas mais esclarecidas da população, ele está sabendo explicar a essas alturas. Mesmo porque, explicação definitivamente não é a tônica dessa campanha.
Não sou partidária do Márcio, ele não é de longe o candidato ideal, e nem votar aqui em BH eu voto, embora como moradora da cidade também me sinta um pouquinho responsável por ela. Mas, sinceramente, eu espero que dê tempo do balão do Quintão estourar até domingo, dia 26 de outubro. Antes ficar no mesmo lugar do que passar 4 anos com a tecla “rew” ligada e emperrada. Porque se isso acontecer, vai ser duro reencontrar o play!