sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MÍDIAS DIGITAIS PARA ENSINAR A SOMAR


Ontem à noite fui a uma palestra do pesquisador André Lemos, da UFBA, que, se não uma das maiores, é uma grande autoridade brasileira em hipermídia e processos desencadeados pelas novas tecnologias. Fiquei satisfeita por ele ter reiterado uma questão sobre a qual tenho pensado freqüentemente. Cada vez que surge uma nova mídia ou um novo dispositivo tecnológico, aparece também uma previsão “nostradâmica” de que estamos prestes a viver uma revolução que, no mínimo, culminará na substituição de uma tecnologia por outra. Muito raramente conseguimos um equilíbrio entre as visões tecnofílicas e tecnofóbicas, quando na verdade, venho pensando que parece mais prudente e inteligente tentarmos trilhar o caminho do meio.
A internet e as demais tecnologias digitais não vêm para substituir ou dizimar a importância da TV, do rádio, do cinema etc. E, muito menos, para fazer com que as relações no ciberespaço sejam substitutas das relações e vivências presenciais. Como diz o Weissberg , parece mais justo pararmos de forçar oposições entre “presença e ausência“, entre “real e virtual“, entre “perto e longe“; porque são noções complementares e não excludentes.
Se “espacializar” significa, como o André disse ontem, atribuir sentido a - e aí temos que adotar uma visão bem maior do que a referente a localidades físicas -, sou obrigada a pensar que somos, naturalmente, criaturas espacializantes, pois é isso o que nos situa perante o mundo e perante nós mesmos. A internet e as demais mídias digitais estão bem longe de configurarem uma revolução refletora da salvação ou do veneno para a humanidade. A questão é menos a técnica e mais as apropriações que fazemos dela. Por isso, prefiro pensar essas mídias mais como potência e oportunidade latentes para que possamos ampliar nossa visão sobre velhas questões e sobre o nosso “estar” social e político. De que adianta negar o que existe e bate à nossa porta? Acho melhor optarmos por fazer a soma do que insistirmos em uma subtração que nem sequer existe!

4 comentários:

Aluisio Gonzaga disse...

Estou sentindo na pele o receio que as pessoas têm de mudar. No meu trabalho, todos estão com medo da tecnologia digital para a edição de matérias. Temem ser mais lenta que a convencional, por incrível que pareça.

Acho que os meios que vão ser usados no começo não são os ideais, mas é uma evolução!

Agora é torcer para que nenhum pessismista ou mal-informado acabe com o processo de evolução que iniciamos, em todas as esferas!

Parabéns pela iniciativa de falar sobre isso, Maria Joaquina! É assim que começaremos a entender "De onde viemos e pra onde vamos na tecnologia".

Beijão!

Unknown disse...

Ah Lu, lendo seu texto me deu uma saudade dos tempos de Sheth, Hoffman e Novak, Chris Anderson e etc etc etc. As pessoas tem mesmo a mania de idolatrar as novidades (que talvez nem sejam tão novas assim) e a gente bem sabe que na prática tudo tem seu valor e que uma coisa definitivamente não exclue a outra, apenas complementa. Talvez esse seja nosso maior desafio.

Beijo pra vc!

Ps: que dia vc vai escrever sobre "Pipi"?? hehehe

Gabriela Jardim disse...

Acho que tem mesmo um certo medo por parte das pessoas que acabam tomanda as novas tecnologias que surgem como algo "nostradâmico" mesmo. E em parte o fascínio pelo novo!

Por que relativizar é sempre a melhor opção e ponderar mesmo os usos e desusos da tecnologia.

Quanto aos seres especializantes, concordo também. Já que sempre estamos a ocupar um lugar. Seja ele "real" ou "virtual".

Unknown disse...

Opa.... isso me lembra algo... projeto experimental na veia né.... hehehehe... e vc conheceu a criatura pessoalmente??? hehehehe.. o cacá tava la com certeza né?