sexta-feira, 25 de setembro de 2009

POR QUE INCOMODA TANTO?



Esse comercial saiu do ar essa semana, depois da reclamação de alguns consumidores, que se sentiram ofendidos. Cada vez que isso acontece, eu sou acometida por uma preguiça avassaladora, que não me permite achar outro nome para ocorrências desse tipo, senão o de que se trata de hipocrisia, e das grandes! ... Não que a regulamentação do CONAR não seja importante. É! E não que as pessoas não tenham direito de se manifestar sobre aquilo que as incomoda. Têm.

Mas diariamente convivemos com imagens de mulheres que se exibem semi-nuas na TV, funks com letras pornográficas, atrações televisivas que incluem pessoas se esfregando em uma banheira ou em outro lugar qualquer, além de quadros que se escondem sob o pretexto do entretenimento e do humor para exporem as pessoas ao risco e ao ridículo.

Com relação a isso não há protesto. Ao contrário, as pessoas acham bonitinho, engraçado.

E, no entanto, quando uma senhora fala em sexo com a neta em um comercial de TV, o Conar, orgão regulamentador da publicidade, recebe inúmeras reclamações e o filme sai do ar. Por que? Esse assunto não pode estar na boca de senhoras? ...Ser mulher, estar na terceira idade e ainda pensar em sexo é combinação demasiadamente provocativa para uma sociedade machista? Mas e se fosse um homem? Por que ninguém se ofende quando mulheres aparecem de biquíni em comerciais de cerveja, sendo chamadas de gostosa, cobiçadas por um bando de homens. O lugar da mulher é sempre o de objeto de desejo? A ela não cabe o desejo?

É triste como, ao sexo, sempre cabem teorias libertadoras em que os tabus estão sendo deixados pra trás, quando a realidade nos diz sempre o contrário. Caminhamos em círculo, reeditando as nossas polêmicas. Ou ninguém se lembra da confusão gerada pelo depoimento de uma senhora no final de uma novela do Manuel Carlos, em que ela falava sobre orgasmo?

domingo, 20 de setembro de 2009

VENDE-SE MACONHA

"A humanidade deveria aceitar a pedofilia e o tráfico de pessoas ou de armas por um senso ingênuo de que é inevitável ou intratável?. (...) Suspender os controles sobre o uso de drogas seria uma renúncia cínica do Estado à sua responsabilidade de proteger a saúde dos cidadãos." (fonte: Portal Terra, março de 2009)

O depoimento acima, de Antonio María Costa, chefe do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), adianta a grande polêmica envolvida em uma possível legalização das drogas. Hoje, a revista francesa Le Monde trouxe uma matéria que discute 10 motivos para a legalização, entre os quais a desarticulação do tráfico, políticas de informação mais transparentes, queda da criminalidade. Polêmico, o assunto não é novidade nas pautas internacionais. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, já se declarou publicamente a favor da legalização da maconha, liderando, inclusive, um grupo que discute o assunto junto a ONU.

Eu, particularmente, defendo a legalização. Considero um passo importante não só para a diminuição do crime organizado, mas porque na esteira do consumo de drogas há uma série de outros problemas, como o HIV, a violência doméstica, o vício como uma questão séria de saúde pública. Logicamente, a legalização não resolve de uma hora pra outra toda a complexidade e os desdobramentos do consumo de drogas, principalmente porque estamos falando de um mercado que movimenta mais de 320 bilhões de dólares por ano. Lobby e dinheiro grosso sustentam essa história e não é preciso dizer que tem peixe graúdo envolvido...
De cara, a legalização já tira a graça de um bando de adolescente "crisento" que acha "cool" e transgressor fumar maconha (ninguém merece!). Aliás, o "asfalto" e as classes média e alta têm responsabilidade sobre o tráfico, embora o problema seja sempre tratado como "do morro", "do pobre". Existe traficante sem comprador?
Além disso e, principalmente, a legalização permite que a discussão se aprofunde. As drogas sempre são tratadas com foco na repressão do consumo. Não seriam úteis políticas mais consistentes de prevenção e de tratamento de dependentes químicos?
Liberar não é negligenciar a preocupação com a saúde do cidadão, mas abrir caminho para a informação e para que cada um se responsabilize por suas escolhas.